Radiação solar: as duas faces da moeda...

Pretendo abordar assuntos do cotidiano, coisas simples e práticas que possam interessar a todos que visitarem este blog. Atendendo a um pedido muito especial, vou começar discorrendo um pouco sobre uma força da natureza à qual todos estamos expostos: A radiação solar.

 "A radiação é a designação dada à energia radiante emitida pelo Sol, em particular aquela que é transmitida sob a forma de radiação eletromagnética. Cerca de metade desta energia é emitida como luz visível e o restante na frequência do infravermelho e como radiação ultravioleta. A radiação solar fornece anualmente para a atmosfera terrestre 1,5 x 10¹⁸ kWh de energia, a qual, para além de suportar a vasta maioria das cadeias tróficas, sendo assim o verdadeiro sustentáculo da vida na Terra, é a principal responsável pela dinâmica da atmosfera terrestre e pelas características climáticas do planeta."

Muito se fala em cuidados que devem ser adotados e riscos da exposição solar, mas pouco se comenta sobre seus benefícios.

Usufruímos da sua energia de várias formas, principalmente advindas da transformação realizada pelas plantas na fotossíntese, como matéria orgânica ou oxigênio. 

Um dos papéis mais importantes da luz solar para os seres humanos é sua participação no metabolismo da vitamina D, que pode ser obtida através de dieta ou ser transformada no organismo pela exposição solar, a partir da pró-vitamina D (7-deidrocolesterol), que é convertida na pele em vitamina D3. Sabe-se que esta vitamina atinge seu pico máximo após 30 minutos de irradiação UVB em quantidades equivalentes a 200 copos de leite ou 50 tabletes de suplementos tomados oralmente. 

Alguns autores falam até que se a vitamina D3 fosse descoberta hoje não seria classificada como vitamina e sim como um hormônio, diante do seu mecanismo de ação em nível molecular, ativando mais de 200 genes para regular a expressão gênica.

A sua principal função é a manutenção das concentrações de cálcio intra e extracelulares. Sua deficiência pode causar raquitismo na infância (quando o bebê é amamentado só de leite materno por mais de 6 meses sem exposição solar e sem suplementos) e osteomalácia (amolecimento dos ossos) em adultos. Atualmente, existe uma longa lista de problemas que podem ser causados pelo seu déficit, como nascimento prematuro, obesidade, doenças inflamatórias, fraqueza muscular, desequilíbrio imunológico, envelhecimento precoce, entre outros, e uma outra demonstrando papel protetor de seus níveis normais, principalmente para doenças crônicas e degenerativas, podendo reduzir o risco da ocorrência de câncer, asma, doenças neurológicas e cardiovasculares. 

Portanto, exposição solar é muito importante! Desde que se respeite os limites recomendados. O ideal para a manutenção dos níveis saudáveis de vitamina D seria a exposição durante 5 a 15 minutos, sem protetor solar, e sem a remoção da oleosidade da pele, pelo menos 3 vezes por semana, em horários adequados (até 10h da manhã e após as 16h). E não precisa ser do corpo todo. Podem ser apenas as mãos ou os pés, por exemplo. Além da exposição solar, não se pode esquecer de uma alimentação saudável, é claro.

O outro lado da moeda, a ação prejudicial da exposição solar, está relacionada à sua ação danosa sobre as células da pele, causando envelhecimento e sua transformação em células cancerosas.

No Brasil, o câncer de pele não melanoma continua sendo o tipo mais incidente para ambos os sexos entre todos os tipos de câncer. As estimativas para 2010 do INCA/MS previam a detecção de 113.850 casos novos. O melanoma ocupa o 11º lugar em incidência, tendo sido prevista a ocorrência de 5.930 novos casos para o ano passado.

Por que eu não devo me expor ao sol entre as 10h e 16h?

Nesse horário observa-se a maior intensidade das radiações UVA e UVB, que são as grandes responsáveis pela agressão da radiação solar à pele.

Radiação UVA

Maior parte do espectro ultravioleta, a radiação UVA possui intensidade constante durante todo o ano, atingindo a pele praticamente da mesma forma durante o inverno ou o verão. Sua intensidade também não varia muito ao longo do dia, sendo pouco maior entre 10 e 16 horas que nos outros horários. Penetra profundamente na pele, sendo a principal responsável pelo fotoenvelhecimento. Tem importante participação nas fotoalergias e também predispõe a pele ao surgimento do câncer. O UVA também está presente nas câmaras de bronzeamento artificial, em doses mais altas do que na radiação proveniente do sol (até 10 vezes mais!).

Radiação UVB

Sua incidência aumenta muito durante o verão, especialmente nos horários entre 10 e 16 horas quando a intensidade dos raios atinge seu máximo. Os raios UVB penetram superficialmente e causam as queimaduras solares. É a principal responsável pelas alterações celulares que predispõem ao câncer da pele.

O bronzeado dá um aspecto saudável, jovial, mas têm-se que avaliar o seu custo.

O uso de bronzeadores comerciais ou caseiros, como óleo de cozinha, de aviação, de urucum, amêndoa doce, folha de figo e até coca-cola (acredite se quiser!)  são totalmente contra-indicados.

Além disso, ninguém pode se expor entre as 10 e 16h e se esconder sob a falsa idéia de segurança de se usar um protetor solar, pois nem todos possuem amplo espectro contra as radiações UVA e UVB, e ninguém consegue aplicar no corpo a quantidade recomendada e reaplicá-la a cada 2 horas, como deveria ser feito.

Portanto,  este é mais um exemplo de que saúde só se consegue com consciência e moderação.

Indico este site para a busca de protetores solares (produtos avaliados quanto à segurança de seus componentes/ livres ou com menor concentração de substâncias químicas prejudiciais):

http://www.ewg.org/2010sunscreen/