Bons hábitos, boa saúde...

Minha visão sobre saúde mudou muito desde que saí da faculdade.
Lembro das primeiras aulas, quando na cadeira de saúde pública se discutia o "processo saúde-doença". Eu, particularmente, achava super chato e ainda não tinha a percepção da importância daqueles conceitos, muito além da abrangência das instituições públicas.
Ingressei na saúde pública uma semana após minha formatura. Não por escolha, mas para abraçar a oportunidade que tinha batido à minha porta. E por ironia do destino, já são vários anos nesta luta. Uma luta diária, que não se resume nas dificuldades das pessoas ou do sistema, mas em uma mudança na forma de ver a saúde, como profissional e como indivíduo. 
O médico é doutrinado a achar a doença e saber prescrever o melhor remédio, que resolva o problema do paciente nem que seja por alguns dias.
Mas será que achar a doença é garantir saúde? Prescrever um medicamento que alivia um sintoma e causa outros tantos é a solução?
Depois de um breve alívio, o processo continua, é repetido, evolui...
Acho que poucos profissionais da saúde estão realmente preocupados com a causa dos problemas que afetam seus pacientes. É muito mais simples solicitar exames, medicá-los, encaminhá-los, submetê-los a procedimentos do que tentar chegar à raiz do problema. Isso demanda tempo...
Há pouca vontade política no sentido de realizar campanhas de prevenção primária (conjunto de medidas que podem ser tomadas para evitar a ocorrência de agravos à saúde). É muito mais lucrativo investir em aparelhos diagnósticos e medicamentos. Isso está na mídia. Isso é o que atrai a atenção da população.
A epidemia de hipertensão e diabetes que acomete o mundo tem sua origem bem determinada e evidente: o boom dos alimentos industrializados e a redução no consumo de produtos naturais, principalmente os vegetais, aliados ao sedentarismo e outros hábitos danosos. Simples assim!
Você já viu o governo ou alguma empresa oferecer vantagens para alguém que tira um tempo para cuidar da sua saúde? Mas agora já sabe que qualquer indivíduo pode receber de graça medicamentos para diabetes e hipertensão também nas farmácias populares.
É realmente uma medida válida para o auxílio daquelas pessoas que usam quase todo seu dinheiro para comprar remédios...
Eu só gostaria que medidas concretas fossem tomadas e o mesmo investimento fosse feito para tentar reduzir a quantidade de remédios que esses indivíduos utilizam, para melhorar sua qualidade de vida e, principalmente, para evitar que outros tantos cheguem a ficar doentes. Infelizmente essas medidas não engordam tantos bolsos...
A idéia é de que as pessoas vivam mais para que possam usar remédios por mais tempo. Então para que prevenir as doenças? Elas atendem a muitos interesses.
Mas não custa nada de vez em quando fazer alguma coisa para disfarçar...

Na verdade este é um grande desabafo.
Sei que existem muitos outros profissionais que já enxergam esta realidade há muito mais tempo do que eu.
Não podemos pensar na saúde de um, quando o mundo todo está doente, ou melhor, sendo levado a adoecer.
Gostaria apenas de, com este blog, tentar fazer a minha parte para tornar a vida de pessoas queridas, e outras talvez desconhecidas, mais longa, saudável, produtiva e, consequentemente, mais feliz.
Não deixá-los esquecer de que saúde só se garante com bons hábitos.

Contem comigo e um abraço a todos!

Comentários

  1. Também trabalho no serviço público e também percebo isso. As políticas públicas não atuam nas causas dos problemas da sociedade, tentam apenas "resolver" o problema imediato, e na maioria das vezes, apenas mascaram o problema.
    Mas claro, essa realidade não está apenas nas políticas públicas, pessoas esclarecidas também buscam o mais "fácil" e mais "imediato", o que nem sempre é o mais saudável.
    Temos muito para refletir e mudar!!!

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