Açúcar: Doce ilusão...
Acho que todo mundo já ouviu o seguinte discurso: "Não posso comer doces, pois sou diabético".
Mas será que esta restrição é só para diabéticos?
E será que somente esta atitude resolve os problemas advindos da hiperglicemia?
Em definição mais ampla, os açúcares são classificados como carboidratos ou glicídios. Eles têm função energética em nosso organismo. Estão presentes em diversos tipos de alimentos. O mel, por exemplo, contém o glicídio glicose; da cana é extraída a sacarose, muito utilizada em nosso dia-a-dia; o leite contém o açúcar lactose; frutos adocicados contêm frutose e glicose; o amido é formado pela reunião de milhares de moléculas de glicose (encontrado em sementes, milho e nos vários grãos com que são feitos o pão, as massas...), entre outros.
Alguém já se perguntou por que dependemos deste ingrediente? Se ele é mesmo necessário?
O hábito de se adoçar alimentos foi iniciado há pouco mais de dois séculos, com o incremento do plantio de cana-de-açúcar na América. Antes disso, as pessoas sabiam apreciar o sabor natural dos alimentos.
A sacarose é o açúcar de mesa, composto por uma molécula de glicose e outra de frutose. É um carboidrato simples, prontamente absorvido pelo organismo após ingestão, tendo ação rápida sobre os níveis de glicemia. Não existe nenhum tipo de composto isolado tão concentrado como a sacarose. O homem retirou da cana e da beterraba apenas um princípio químico. E muitos autores o comparam a uma droga, como pode ser visto neste trecho do artigo Farinha de trigo, açúcar e cocaína, de Denis Russo Burgierman.
"Os três (farinha de trigo, açúcar e cocaína) tem efeito parecido na gente. Eles nos jogam no céu com uma descarga de energia e, minutos depois, nos deixam despencar. Aí a gente quer mais. Como eles foram separados das partes mais duras das plantas – as fibras – nosso corpo os absorve como um ralo, de uma vez só. Seu efeito eletrificante manda sinais para o organismo inteiro, o metabolismo se acelera. Aí o efeito vai embora de repente. E o corpo é pego no contrapé."
E as massas?
Todo carboidrato é fonte de glicose. Portanto, alimentos preparados a base de cereais e tubérculos também têm efeito sobre a glicemia, principalmente os preparados com farinhas refinadas, como a de trigo.
Imunidade
O consumo de açúcar deprime o sistema imunológico. Uma única colher de chá de açúcar diminui a eficácia do sistema imunológico em 50% por até 3 horas após ingerido.¹
Glicação
A glicose é uma molécula altamente adesiva e se liga a tudo com facilidade. Ao se pegar o açúcar entre os dedos, ele gruda, e ocorre o mesmo dentro do corpo, principalmente com as proteínas. Isto é chamado de glicação das proteínas. A glicação danifica as proteínas e as células de defesa (leucócitos) as reconhecem como estranhas, absorvem-nas e as eliminam. Se houver muita glicação, esses produtos se acumulam e provocam alterações teciduais degenerativas e inflamatórias, provocando lesões por vezes irreversíveis, pois algumas proteínas não são tão rapidamente regeneradas, como o colágeno e o tecido nervoso.¹
Impacto metabólico
O controle dos níveis de glicose depende da insulina, que é produzida pelo pâncreas. A insulina tem como propósito básico armazenar o excesso de nutrientes. Estudos já demonstraram que ela também auxilia no controle dos lipídios sanguíneos e, além disso, que regula os fatores ligados à expectativa de vida e está por trás de praticamente todas as chamadas doenças crônicas.¹
O açúcar é um produto muito concentrado, e desestabiliza os mecanismos de compensação do organismo, que está preparado para receber apenas a glicose presente nos alimentos in natura. Isso exige uma complementação bioquímica, o que produz perdas minerais crônicas e constantes, principalmente de cálcio e magnésio.²
Essa estimulação exagerada e contínua acaba tornando as células do corpo insensíveis à ação da insulina, na tentativa de se defenderem, resultando no quadro de resistência insulínica e, posteriormente, pela exaustão do pâncreas, instala-se o diabetes.
"...Até os anos 1990, farinha e açúcar ainda eram “O Bem”, enquanto “O Mal” era a gordura, o colesterol. Os médicos recomendavam que se substituisse gorduras por carboidratos e o mundo ocidental se entupiu de farinha e açúcar. Começou ali uma epidemia de diabetes tipo 2, causada pelas pancadas repentinas que farinhas e açúcar dão no nosso organismo. Começou também uma epidemia de obesidade. Sem falar que revelou-se que açúcar e farinha estão envolvidos no complô para expulsar frutas, folhas e legumes dos nossos pratos, o que está exterminando gente com câncer e doenças cardíacas. Como câncer e coração são as maiores causas de morte do mundo urbanizado, chega-se à constatação dolorosa: farinha e açúcar são na verdade muito mais letais do que cocaína. É que cocaína viciou poucos, mas açúcar e farinha viciaram quase todo mundo."(outro trecho do artigo: Farinha de trigo, açúcar e cocaína, Denis Russo Burgierman)
Acho que depois desta leitura muitos vão perceber que o hábito de oferecer balas a crianças não é tão inocente assim...além disso, que os níveis de glicose não devem ser a preocupação apenas dos diabéticos.
Exames de rotina só se tornam alterados quando o organismo chega em um nível crítico.
Tudo depende das suas escolhas!
Bibliografia
¹ Ecologia celular, Carlos Braghini Jr. (2008)
² Alimentação para um novo mundo, Dr. Marcio Bontempo (Ed. Record, 2006)
Que coincidência, ontem mesmo eu estava falando c o Bruno sobre o excesso de açúcar q ele consome. Vou falar p ele vir ler!!!
ResponderExcluir